terça-feira, 5 de junho de 2012

O QUE ACONTECE DEPOIS DA MORTE SEGUNDO A BíBLIA: O INFERNO.

Vídeo do texto:



O voo estava programado para sair às 14h15. Estava um dia maravilhoso para voar: céu azul, sem nuvens, sem ventanias. Era o dia ideal para um voo tranquilo. Sempre tive medo de voar, mas naquele dia estava com muito mais calma no coração do que imaginava que estaria. Parecia que nunca tive medo de voar...
Às quinze para as catorze horas já estava embarcado e em minha devida poltrona lendo um livro que tinha comprado dois dias antes como um presente para mim mesmo de meu 30º aniversário. Era um livro bom, mas muito fantasioso para o meu gosto. A Cabana não era o que exatamente esperava de um livro tão famoso, mas como num voo de cinco horas não havia nada para fazer, resolvi levá-lo para ler.
Ao meu lado havia uma senhora estressada com o atraso do voo e com o marido dela que não parava de comer um salgado barulhento e aquilo também estava alimentando meu estresse e quase pedi para que calasse a boca.
Vinte minutos após levantarmos voo, ela já tinha se calado e o marido já tinha parado de comer os salgadinhos. E eu ainda afundado no livro.
Ao olhar para fora da aeronave, à direita a um quilometro mais ou menos de distância, vi algo bizarro que não pude entender completamente: era o que poderia ser chamado de uma nuvem escura, como que se no meio dela houvesse uma chama, como acontece numa explosão quando fumaça e fogo se misturam. Vi, mas não acreditei. Esfreguei os olhos e me virei para a senhora ao meu lado, mas ela estava dormindo, ou fingindo que estava dormindo. Voltei meu olhar para fora do avião de novo, mas a nuvem já havia se dissipado e o céu azul me fez entender que eu tinha tido algum tipo de ilusão.
Uns quinze minutos depois, eu ainda pensava sobre aquela nuvem quando ao olhar de novo para o horizonte, a nuvem estava muito maior e mais amedrontadora. A sensação que tive foi que ela estava em movimento e engoliria a nave. Esfreguei os olhos e olhei de novo: ela ainda estava lá. Chamei a comissária de bordo e ela veio. Quando ela chegou, olhei de novo para fora, e tudo estava azul como antes. Ela ficou me olhando, esperando eu falar, mas eu pedi desculpas e lhe informei que não necessitava mais de sua ajuda.
Comecei a ficar preocupado com a ocorrência. Será que eu estava tendo alguma reação alucinógena? Será que eu teria comido alguma coisa que estava me proporcionando tal estado de espírito? Decidi voltar à leitura, mas não conseguia me concentrar. Aquela imagem tinha me parecido real demais para ser uma miragem, e quanto mais eu pensava, mais assustado eu ficava. Resolvi me levantar e ir ao lavabo.
Olhei-me no espelho e vi um rosto assustado. O que estaria acontecendo lá fora? Estaria ficando louco por causa da pressão atmosférica? Voltei e sentei-me de novo na poltrona e ao olhar para fora tudo estava como deveria estar.
Resolvi, portanto, deixar de lado aquilo e fingir que nada ocorreu. Deixei o livro de lado e recostei-me na poltrona para tentar tirar um cochilo e até que consegui entrar num sono quando fui acordado com um estrondo e um solavanco na aeronave, como se tivesse sofrido um baque. As pessoas começaram a gritar e a olhar para fora, assustadas.
Do lado de fora notei que um jato de fumaça acompanhava o avião, e observando melhor, vi que a fumaça saiu de uma das turbinas que estava pegando fogo. Um assalto de terror tomou conta de mim, misturado com uma claustrofobia. As pessoas todas estavam agitadas, gritando pelos comissários de bordo que corriam para lá e para cá. O aviso para apertar os cintos foi acionado e logo em seguida ouvimos a voz do capitão dizendo que era para todos manterem a calma, ficarem sentados e apertarem seus cintos. O capitão tentou deixar claro que a aeronave voaria quase sem problemas somente com uma turbina, mas que teria que fazer um pouso forçado em algum aeroporto porque a turbina estava em chamas, e isto não era bom.
Logo após o aviso percebi que o avião começou a descer gradativamente, até que a terra foi vista com toda a clareza. O ânimo dos passageiros foi controlado, mas era possível ver no rosto de todos a apreensão, e alguns gritos de vez em quando, dado que o avião balançava loucamente. Eu não tirava o olho da turbina que já não pegava mais fogo, porém uma fumaça escura saia ainda dela. Eu olhava por toda parte para ver se havia algum sinal de cidade, mas só havia mata e campo, sem sinal algum de uma pequena vila sequer.
Um medo grotesco apoderou-se de mim e eu mal conseguia respirar. A senhora ao meu lado, grudada ao seu marido, estava gemendo com seus olhos saltados, como se fosse explodir a qualquer momento. Rapidamente me arrependi de estar naquele momento nessa aeronave. Eu sentia que estava sendo engolido pelo medo e pela claustrofobia. Comecei a pensar na minha família... na minha vida. Fiquei com medo de morrer.
E o avião continuava a balançar de um lado para o outro, como se fosse sacudido pelo vento. E isto deixava os mais fracos, como eu, em estado de um estresse que poderia levar-nos a um ataque cardíaco. Qualquer um que se aventurasse a caminhar pelo avião seria certamente arremessado para o alto. Por isso todos estavam grudados em seus assentos, inclusive a tripulação.
No meio desse desespero, o capitão avisou que estávamos há vinte minutos de um aeroporto que estava sendo preparado para nossa chegada. Um suspiro de alívio e um aplauso ressoou em toda parte. Até eu me senti aliviado e mais seguro. Mas, mesmo assim, não tirava meus olhos da turbina fumegante.
Minutos depois, quando o piloto já tinha avisado que tínhamos recebido permissão para o pouso, um grande solavanco fez todos gritarem assustados. O que vi não entendi, mas alguma coisa que não saberia dizer o que é se soltou da turbina e bateu bem do lado do avião, na minha janela, fazendo um barulho surdo de metal retorcido. Após isso, o avião começou a balançar loucamente, fazendo bolsas e mochilas voarem até o teto, e em seguida, máscaras caindo sobre nossas cabeças. Eu coloquei mais que depressa a máscara e olhei de novo para fora, e percebi que ainda não havia qualquer cidade e que a fumaça aumentara consideravelmente tapando parte da visão da turbina e de uma parte do avião.
Senti uma vontade de sair correndo dali, abrir a porta e pular para fora do avião. E antes que esse desejo se tornasse palpável, um estalo ensurdecedor fez meu ouvido tampar e toda a aeronave tremer. Desesperadoramente, o bico do avião se inclinou para baixo e começou a descer vertiginosamente, tomando uma velocidade assustadora. Todos começaram a gritar e a pedir ajuda. Eu fiquei olhando para fora, vendo que estávamos numa descida sem volta. Olhei para uma aeromoça e ela estava em pânico, o que significa exatamente que algo de fato está fora de controle.
Comecei a chorar e a gritar, no meio daquele vozerio, quando notei nitidamente as copas das árvores logo abaixo, o que indicava que o chão estava muito, muito próximo. Como num passe de mágica, o bico do avião se elevou e por um segundo tive a esperança que iríamos tomar altura, mas não foi o que aconteceu. Após isso, entendi perfeitamente que o capitão, numa tentativa heróica, faria um pouso ali mesmo, como última chance de salvação.
Tudo ocorreu em segundos. Eu vi do meu lado o que seria uma grande copa de uma árvore e logo depois o avião foi jogado para a direita forçosamente e depois um grande choque fez partir parte da fuselagem, arremessando pessoas com suas poltronas umas sobre as outras. E do meu lado um grande tronco abriu a fuselagem e entrou sobre a fileira de poltronas em minha frente, atingindo as pessoas e arrastando as poltronas para o lado. Segundos depois, um outro baque levantou minha poltrona e me jogou para o lado, como se fosse um boneco. Senti algo me apertando e pressionando meu corpo. Esse sentimento durou um ou dois segundos, quando de repente um último impacto fez uma luz muito quente passar por meu corpo, acompanhado de um estrondo ensurdecedor. Não senti dor, apenas um rápido queimar; e tudo se apagou como que num imenso sono.

Quando voltei a mim estava olhando do alto uma grande mata. Senti-me estranho, como num sonho, porque não acreditei no que via. Da posição que estava, podia ver muito fogo no meio das árvores, e o que parecia ser a fuselagem de uma grande aeronave. De repente lembrei-me de tudo. Meu Deus!
Olhei do lado e vi uma multidão de pessoas, flutuando na mesma posição que eu, inclusive a senhora estressada do meu lado e o senhor, seu esposo. Um misto de admiração e medo percorreu meu ser. O que poderia ser aquilo?
- Será que estamos mortos? – perguntou a senhora estressado ao seu esposo.
- Não sei – respondeu ele.
Foi ai que percebi como acontecia a comunicação. Não havia som. Não havia voz. Fiquei observando aquilo como talvez Colombo ficou quando viu as Américas pela primeira vez. Olhei as pessoas se comunicando e quis saber em que mundo eu estava. Será que aquela senhora estava certa? Estaríamos todos mortos?
Olhei e vi mais pessoas subindo do meio do fogo e da fumaça e indo se juntar a nós. Olhei para mim mesmo e não entendi o que vi (e de certa forma ainda não entendo). Não tem nada com que possa ser comparado na Terra. Eu era o que poderia ser chamado de alma? Espírito? Eflúvio espiritual? – o que eu poderia dizer disso? Eu não entendia nada daquilo. Nunca fui nem religioso, ia à igreja esporadicamente e nem sabia se realmente acreditava na existência da alma ou da vida após a morte. Nunca quis parar para analisar isso com profundidade. Aquilo era tudo muito novo e surpreendente para mim – e assustador. Eu estava morto. Sim, era evidente. Todos nós estávamos mortos. O piloto não conseguiu evitar a tragédia.
Enquanto estava nesses meus pensamentos, de repente, a multidão ao meu lado foi arrebatada dali numa velocidade que me deixou amedrontado. Fiquei sozinho, sem saber para onde ir e o que fazer. Foi quando vi a mesma nuvem escura vindo muito rápido em minha direção, enchendo todo o céu azul à minha volta daquela escuridão e clarão de fogo. E agora?
Eu vi que a nuvem iria me engolir, porque ela encheu todo o céu à minha volta. O medo apoderou-se de mim e achei que fosse desaparecer engolido por aquelas nuvens espessas.
Do meio daquela negrura comecei a perceber o vozerio de uma multidão nervosa e um sentimento de pavor pior que o anterior tomou conta de mim. O que seria aquilo?
Não me restou alternativa. Estava morto, e vi que seria engolido por aquela nuvem, o que restava era pedir ajuda.
- Socorro! Meu Deus, socorro! – Se Deus existisse, Ele viria me socorrer?
Meu pedido de socorro pareceu tão afiado que foi cortada a espessa nuvem, e pelo corte surgiu um raio de luz e energia que me atingiu. E eu fui puxado do meio daquilo com tal violência que achei que me despedaçaria. Tenho certeza de que se estivesse no corpo, o corpo se dividiria em átomos tal foi a velocidade que fui arrastado dali por aquela energia.
Tudo levou alguns segundos. Quando tudo parou de repente, me encontrei num espaço que não havia nada. Exatamente nada. Ali não esperei encontrar nada até que todo aquele nada converteu-se numa presença que parecia embarcar todo o universo.
Quando vi aquele Homem eu quis morrer. Não houve necessidade de apresentações, de esclarecimentos. Era Ele: o Deus Criador. O Deus Criador do universo era um Homem como eu. Estava diante Dele e eu sabia que era Jesus, e que apesar de ser Homem, era também o Criador de tudo o que possa existir. Imediatamente me apaixonei por Ele. Era impossível não cair de paixão por Jesus. Sua beleza ultrapassava tudo o que eu já tinha visto e se eu usasse uma caneta e folhas, nem todas as folhas do mundo seriam suficientes para expressar em todas as línguas quão belo Ele é.
E Ele é amor. Eu senti, eu vi, eu experimentei. O Homem por excelência é amor! Um amor maior que todo o universo, que perpassa tudo, envolve tudo o que existe, está em toda parte e existe por si só; não aumenta e nem diminui. Quis abraçá-Lo, me entregar a Ele, ser Dele. Vi que Ele é o centro da vida, tudo o que mais preciso para existir, ser feliz e viver. Com Ele não precisaria de mais nada. Nada. Nada. Nada.
Aquele Homem lentamente veio caminhando no vazio até onde me encontrava, e senti que ia morrer de amor, desaparecer como uma gota no oceano. E desejei isto.
Eu O vi, e essa visão era o mais real que pude compreender até aquele momento. Ele era muito mais real do que eu, do que o planeta, do que tudo o que já tinha visto. Entendi imediatamente que não O estava vendo com os olhos: era uma visão totalmente nova para mim, muito mais real, não tinha necessidade de luz e não havia sombras. Percebi que aquele era o mundo espiritual. Como pude estar errado até aquele momento! A vida após a morte existia; Deus existia; Jesus era Deus, não era apenas mais um personagem da história humana.
Eu O vi, e quando Ele se aproximou achei que fosse desaparecer com tal arroubo que tomou conta de mim. Seus olhos eram profundos, expressivos, cativantes, e deles saiam um poder que – entendi, não me pergunte como – era capaz de criar e recriar o universo somente com um de seus olhares. Que entendimento profundo é este!
De repente um esplendor tão estupendo e maravilhoso, uma glória, uma energia, um poder, uma eletricidade (é o mais perto que posso chegar, e ainda estou milhões de anos luz do que realmente vi) fluíram de seu corpo humano e abraçaram todo o universo, e também além universo, indo a lugares que jamais sonhei existirem. Era tudo extremamente real.
- André, EU SOU o VERBO.
Ao ser atingido por essa PALAVRA eu quase desapareci – disso tenho toda certeza do mundo. Foi real. Quase deixei de existir quando aquela PALAVRA me atingiu – essa realmente é a melhor explicação do que vivi. Fui atingido e a “existência” pode deixar de existir somente no contato com a PALAVRA de Deus. Eu vi, eu sei, eu vivi. Sei do que estou falando.
Ele conhece meu nome, sabe quem sou, de onde vim; sabe tudo de mim. Senti-me envergonhado diante Dele. O que eu poderia oferecer a esse Homem? Nada. Não tinha nada a oferecer. Ele olhou para mim, mas quando digo para mim, quero dizer no mais profundo de mim. Senti seu olhar me perscrutando, amorosamente, e eu permiti – na verdade desejei ardentemente. O que eu não faria por Ele? Senti uma ponta de ódio em mim: por que não O encontrei em vida e só agora fui acordar para Ele?
Não tive palavras. Não tinha o que Lhe dizer. Ele já sabia de tudo o que eu fui e fiz. Não havia como me esconder Dele.
Num piscar de olho, vi diante de mim esse Homem na cruz, com os cravos transpassando seus pulsos, seus pés, seu lado direito escorrendo um líquido parecido com sangue. Dos seus olhos escorriam sangue... vi moscas se assentando em sua Face, entrando em sua boca quando Ele a abria para respirar. A coroa de espinhos fincado em sua cabeça fazia jorrar sangue sobre suas faces indo parar em sua boca.
Eu pude ouvir as últimas batidas do Coração de Jesus e O vi morrendo de asfixia enquanto seu Corpo todo se estremecia com as cãibras. Vi a lança penetrando o lado direito de seu Corpo e o sangue esguichou em minha direção. Ao meu lado eu vi Maria, sua Mãe. Ela chorava e sofria, e de seus olhos vi jorrar sangue, como os Dele.
Pensei como tinha sido permitido a uma pessoa sofrer tanto, e sua Cabeça se ergueu e olhou para mim. Fiquei horrorizado com tanta dor e sofrimento. Ele não merecia.
Como num raio, toda minha vida passou diante de mim e eu assisti tudo no que pareceu ser apenas um segundo. Consegui entender tudo, cada acontecimento, e vi todo o mal que fiz a mim mesmo e a todas as pessoas do mundo quando agi mal. Com tudo isso me acompanhou a Presença de Jesus em cada segundo da minha vida... em todos os segundos da minha vida Ele estava por perto, bem do meu lado, literalmente. E O via sempre na pureza de seu Coração, na santidade de sua Pessoa, e naquele momento entendi o quanto Deus é santo. Isso me chocou tremendamente.
- André, meu filho. Todo este Sangue é teu.
Ele me olhou com seus olhos penetrantes e cheios de amor. Todo o Sangue que ainda escorria Nele era de uma cor tão viva como se todo o vermelho do universo pudesse estar numa única gota. Eu quis morrer. Fui eu que O fiz sofrer tanto; foram minhas atitudes egoístas, meus desejos desonestos, mesmo que pequenos... O vi morrer por minha causa da morte mais terrível que vi alguém morrer. Quis morrer no lugar Dele, quis sofrer um bilhão de anos para não vê-Lo sofrer nem um segundo. Só eu merecia esse castigo terrível e o merecia cem bilhões de vezes por dia, por ter sido tão mau durante a vida.
- Tuas culpas e impenitência obrigam a justiça a agir. Eu te ofereci a salvação e a minha misericórdia durante toda a tua vida para aplacar a justiça e as rejeitaste com persistência. Como posso Eu te ajudar quando não queres ajuda?
Ao ouvi-Lo dizer isto, vi em cada instante da minha vida a Graça de Deus usando de todos os meios possíveis para me alcançar, desde pequenos gestos das pessoas até toques puramente espirituais em minha alma, repetidas vezes durante o dia, e em todos esses chamados divinos eu me fiz de surdo e não quis ouvir. Como pude ser tão insensato e egoísta! Por que quis fugir desse Amor tão infinito?
Após isto, fui arrebatado com tal ímpeto que a velocidade da luz foi ultrapassada milhares de vezes, e fui colocado diante da Santíssima Trindade, e pude contemplar o Céu e o lugar onde me havia sido reservado desde toda eternidade. Tudo isso aconteceu em menos de um segundo, mas pude gravar aquela imagem e visão para toda a eternidade. Vi quem Deus é e o que eu seria Nele. Vi o que perdi por não ter vivido antes de morrer a Vida divina que viveria na eternidade.
De repente estava diante de Jesus de novo. Vi toda sua pureza e me comparei a Ele. Minha vida estava toda suja e imunda diante dos meus olhos, e eu não tinha nada a ver com esse Homem e em nada parecia com Ele. Quando olhava para Ele, sua luz era tão inefável que me tornei só sombra diante de sua pureza, porque não encontrei sua luz em mim. Pobre do homem que não tem o Salvador e o seu Espírito em sua alma! Na eternidade não encontrará qualquer luz desse Homem em sua vida... e passará a eternidade assim.
- Jesus, eu não mereço seu perdão. Rejeitei seu Sangue, a salvação. Eu te crucifiquei, te magoei mil vezes todos os dias. Não sou digno de viver Contigo.
Ele olhou-me com uma tristeza tão grande que me era preferível morrer cem mil vezes com as mortes mais terríveis e antes disso sofrer um bilhão de anos com as dores mais horrendas a ver aquela tristeza no rosto de Jesus novamente. Entendi perfeitamente que a impureza não pode conviver com a Pureza em Pessoa, porque Deus é santíssimo.
Nisto, comecei a me afastar de Jesus rapidamente, e fui vagando sem rumo no espaço vazio, e fui encontrando uma grande e espessa escuridão, tal como jamais imaginei existir. Não existia ali luz de qualquer espécie. E o pior de tudo é que quanto mais me afastava de Jesus, mais triste ia me sentindo: uma tristeza quase infinita, bizarra, tal qual jamais havia sentido. Aquele estado de tristeza foi tomando conta de mim com tal intensidade que só o fato de me lembrar do que vi e ouvi já me causa mais tristeza ainda, e quanto mais tento me ver livre desse estado de dor, mais triste me sinto. Percebi que tinha perdido Deus para sempre e que não conseguiria voltar a Ele. Minha alma foi inundada de trevas e não conseguia sequer pensar direito ou raciocinar logicamente. Nenhuma lembrança feliz da Terra ou do encontro com Deus me fazia escapar daquelas trevas, antes me fazia entregar mais a ela. E quanto mais me afastava, mais horrendo ia ficando, não havia mais em mim nada que pudesse lembrar a beleza de Deus. Fui perdendo a minha “imagem e semelhança de Deus”.
Era o nada. Era o vazio. Não existia nada . O vácuo – mais que isso. É inexplicavelmente depressivo. Aprendi que sem Deus não há nada no universo e você não tem como usufruir nem da Criação de Deus. Sem Deus perde-se a ligação com todo o resto, e a conexão consigo mesmo é rompida, e acaba-se perdendo até a identidade pessoal. Você não se reconhece mais, não se olha mais, não se percebe mais, apesar de seu vazio interior ser o centro da sua vida e de sua total atenção. É a isto que chamam de inferno – e antes ele fosse de um fogo físico como dizem na Terra. Seria menos mal, mas esse “fogo” espiritual que sinto aqui é um terror que é quase infinitamente maior que todo o fogo da Terra reunido num só lugar.
Fui encontrando nesse vazio uma multidão de almas no mesmo estado que eu. Que horrível estar neste estado! Antes sofrer no fogo de um vulcão por toda a eternidade do que estar vivo no estado dessa depressão. Isto é uma depressão infinitamente mais profunda do que a depressão que se pode sofrer na Terra. No meio daquelas almas, havia também uma multidão incontável de anjos que abandonaram seus tronos no Céu e que adquiriram (como as almas humanas) uma forma espiritual sem glória alguma.
Assim que comecei a entrar nesse estado de vazio, vácuo espiritual, tudo perdeu o sentido. Perdi minha vida, não há nada em mim de bom agora. Perdi o amor por mim, a paixão que senti por Jesus no momento que O vi. Sinto-me completamente só, mesmo no meio desta multidão atormentada, que comigo geme eternamente de desespero e aflição com gemidos inexplicavelmente aterrorizantes, mesmo não havendo qualquer som audível.
Comecei a sentir um ódio de tudo e de todos. Um ódio de Deus, de mim mesmo e dessa multidão infeliz. Ela ainda me faz mais infeliz com sua presença. Gostaria de desaparecer, mas não sou capaz. Gostaria de pedir ajudar, mas quem poderia me ajudar? – além do que qualquer pessoa que pudesse se aproximar de mim me faria sofrer mais ainda, porque quero me isolar, fugir até de mim mesmo. Quanto sofrimento há aqui que, se juntar todo o sofrimento que houve na Terra desde o primeiro homem até o ultimo sofrimento que haverá, nem assim chegaria a meio por cento do que sofro em um só segundo. Seria tão mais fácil obedecer a Deus!
Agora sou todo ódio e tristeza mortal. Tenho sofrimentos aqui que não podem nem sequer serem explicados e eu mesmo não os entendo. São extremamente profundos, indizíveis. Trocaria sofrer eternamente nas mãos de Deus do que estar neste estado sem ver a Deus. E o pior: nunca sairei daqui, deste estado. Vou ficar aqui e tudo há de piorar quando Jesus voltar à Terra e acontecer o Julgamento Final e meu corpo me for restituído. Tudo só está começando! Mas é justo, mereço estar assim, escolhi chegar aqui, escolhi não servir...
Se me fosse possível destruiria o universo, todas as pessoas, todos os espíritos, aniquilaria Deus para que eu não sofresse tanto assim, só por saber que todos eles existem. Eu quero ficar só, mas já estou completamente sozinho! Quero fazer Deus desaparecer, mas como gostaria de viver com Ele para sempre! Eu O odeio e O desejo infinitamente. Sinto um vazio infinito dentro de mim porque é um lugar em mim que só um Deus infinito preencheria.
A que condenação eu me meti! Num circulo vicioso de dor, tormento interior, ódio, medo, pavor, tormentos espirituais inexplicáveis, saudade de Deus, das pessoas que um dia amei e que agora odeio (pois não posso nem sentir pena se não estou com Deus)! Estou mergulhado num oceano vazio de tristeza e depressão que só se faz aumentar quanto mais penso neles. Sou atormentado psicologicamente cem por cento dos momentos que vivo aqui e não posso fugir desses tormentos, porque não posso fugir de mim mesmo, sendo que esses tormentos são o reflexo do meu vazio interior. Estou vazio, oco, sem vida espiritual, sem qualquer luz ou iluminação de qualquer forma. Sirvo ao meu deus chamado vazio (ao invés de ter servido na Terra ao Deus infinito e vivo), mas o deus vazio não existe e acabo caindo no vazio cem por cento das vezes. E isto não terá fim e só vai piorar após eu receber meu corpo de volta.
E todos virão parar aqui, se agirem como eu, mesmo sendo pessoas boas... se negarem servir o Deus-Humano chamado Jesus, se negarem amar, se negarem acreditar e continuarem sem penitência alguma. Há um espaço infinito aqui... um vazio que cabe todos que escolherem não servir ao Altíssimo e não amarem como Deus ama. E virão me fazer companhia, embora eles só aumentarão meus sofrimentos e eu aumentarei o deles, infinitamente e por toda a eternidade.
Estou aqui neste estado deplorável... se você vier aqui, me procure, quem sabe podemos nos conhecer; sou a criatura mais horrível e a mais triste que vive aqui. Vai ser fácil você me encontrar.
Eu sou você no futuro... se não escolher servir e amar Jesus a partir de agora, porque não existe salvação sem o Nazareno e fora de sua Igreja.
Fim.
TT Anderson



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